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terça-feira, 8 de maio de 2012
O que é Comunidade?
A partir de um resgate histórico, cito alguns conceitos de comunidade, para que a partir destes conceitos possamos num movimento histórico pensarmos outros conceitos, entendendo a dialética em que estamos envolvido na construção do conhecimento.
Seculo XVIII
Comunidade era entendida como um dos inimigos ao progresso, representando a persistência das tradições a serem vencidas, pois impedia o desenvolvimento econômico e a reforma administrativa
Seculo XIX
Comunidade como sendo uma força conservadora e antagônica ao progresso, contudo também era vista como simbolo de tudo de bom, por aqueles que tinham horror a modernização. Porém em ambas as perspectivas, comunidade aparece como utopia que remete ao passado, com significado reacionário, cujo protótipo é a família, encontrando sua expressão simbólica na religião, nação, raça, profissão e nas cruzadas. Sua delimitação pode ser local ou global, pois o que importa é a comunhão de objetivos, a condição continuação no tempo, o engajamento moral, a coesão e a coerção social.
Hegel em Filosofia do direito, coloca que o Estado é uma "Communitas communitatum" e não a agregação de indivíduos pelo contrato como propunha o Iluminismo. Sua visão de sociedade é concêntrica, formada por círculos interligados de associações como família, comunidade local, classe social e Igreja, cada qual autônoma nos limites de sua abrangência funcional, cada uma delas considerada fonte de afirmação do indivíduo e todos eles em conjunto reconhecidos como elemento formativo do verdadeiro Estado ( Nisbet, 1973:55)
Weber(1917). Comunalização refere-se à relação baseada no sentimento subjetivo do pertencer, estar implicado na existência do outro como a família e grupos unidos pela camaradagem, vizinhança e fraternidade religiosa. A relação pode ser afetiva ( piedade, amizade) ou erótica e amorosa; enfim, baseada em qualquer espécie de fundamentos, emocional ou tradicional.
Sociação é uma relação cuja atividade se funda sobre um compromisso de interesse motivado reacionalmente (em valor ou finalidade) e resultante de vontade ou opção racionais, mais que na identificação afetiva.
Marx seculo XX
Comunidade como força de mudança, ele se afasta de modelos baseados no tradicionalismo e no localismo, pois acredita na vasta associação de nações na comunidade transnacional e encontra na classe trabalhadora a estrutura para a redenção ética da humanidade, como demostra o apelo que fez no Manifesto do partido comunista (1983:45) " Proletariado de todos os países, uni-vos"
Década de 70
A partir da vertente marxista a psicologia introduz o conceito de Comunidade como área de conhecimento cientifico não elitista, a serviço do povo, para superar a exploração e a dominação. Sendo assim a Comunidade passou a ser entendida como lugar que reúne pares da classe trabalhadora, considerada o agente social capaz de realizar a intencionalidade prática da teoria crítica, isto é, a negação da exclusão no capitalismo mantida pela exploração da mais-valia e pela alienação do homem do produto de seu trabalho.
Nisbet, 1974
Comunidade abrange todas as formas de relacionamento caracterizado por um grau de elevado de intimidade pessoal, profundeza emocional, engajamento moral (...) e continuado no tempo. Ela encontra seu fundamento no homem visto em sua totalidade e não neste ou naquele papel que possa desempenhar na ordem social. sua força psicológica deriva duma motivação profunda e realiza-se na fusão das vontades individuais, o que seria impossível numa união que se fundasse na mera convivência ou em elementos de racionalidade. A comunidade é a fusão do sentimento e do pensamento, da tradição e da ligação intencional, da participação e da volição. O elemento que lhe da vida e movimento é a dialética da individualidade e da coletividade.
Fonte: BADER SAWAIA- COMUNIDADE: A APROPRIAÇÃO CIENTÍFICA DE UM CONCEITO TÃO ANTIGO QUANTO A HUMANIDADE
http://bibliotecasocialvirtual.wordpress.com/2010/06/14/bader-sawaia-comunidadea-apropriacao-cientifica-de-um-coceito-tao-antigo-quanto-a-humanidade/
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